CABOCOS
By: Neca Machado
CABOCOS...
Cabocos são cabocos...
Nortistas, assanhados,
Sorridentes, acanhados...
Gostam de chuvas e de sol,
Gostam de banho de rio
E de lama
Gostam de assombração
De feitiço
De mãe d’agua, de pimenta
De farinha que arrebenta
De tucupi, de açaí puro
De bacaba, de limão
De peixe assado na brasa,
Tucunaré, mantrichao,
Camarão no bafo,
Perfume forte
Cheiro de mato,
Banho de rio,
Bacuri, abiu...
De muito filhos,
De namoradas em muitos portos,
De rio tempestuoso
De farinha baguda e fina,
De tucupi, tacaca, maniçoba, jambu brabo...
De pupunha gordurosa,
De tamuatá, tucunaré, pirarucu...
Caboco tem fé,
Vai a procissão, faz romaria
Acredita em santo, pai de santo, pajé...
E até São Jose...
Caboco é caboco
Pé rapado, e doutor
Puta e dama,
Tanto faz,
Caboco tem superstição
Nem olha pra trás,
Caboco não
tem medo
Meu rapaz.
Caboco diz mentiras e verdades
Sem pestanejar,
Caboco é de acreditar,
Em papai Noel, curupira e político ladrão...
Caboco é família e irmão.
Caboco é caboco...
Ousado e atrevido
Tem linguajar popular
Tem coragem, corre risco, vai a lutar sem temer,
Gosta de música alta
De brega, de tecno, de Calypso, popular...
De cachaca, de duelo, de cerveja, ate cair,
Caboco não chora se, se ferir…
Gosta de abicorar,
Gosta de contar potoca.
Gosta de contar vantagem ao pescar,
Enfrenta onça sem medo,
Caboco é caboco. Senhor,
Com orgulho até na alma, seu doutor,
Caboco dança sirimbo, siria e marabaixo
Caboco não olha pra baixo
Caboco não se curva como vara verde
Enfrenta tempestade e tsunami
Sem medo nem arrepio.
CABOCO É CABOCO, VIU.